É da época e deu”: usos do passado nas narrativas sobre a participação de Dilma Rousseff na luta contra a ditadura civil-militar no brasil

Resumo

O artigo analisa os usos que foram feitos do passado de Dilma Rousseff, em especial de sua militância contra a ditadura civil-militar instaurada no Brasil em 1964, por ela mesma e por seus aliados e opositores, com ênfase no período da campanha que a conduziu à Presidência da República. A atenção se volta para os seguintes pontos: as tentativas de enquadramento desse passado em uma memória social mais ampla relativa aos anos de chumbo; os conflitos em torno do significado da militância de Dilma e de seus companheiros de geração, sobretudo no que tange ao uso da violência como arma política; as formas empregadas para legitimar essas diversas versões do passado; e os sentidos emprestados às noções de verdade e mentira. A pretensão mais ampla do texto é contribuir para a discussão da temática dos usos do passado, em especial do passado recente, na sociedade brasileira contemporânea, bem como para refletir de maneira mais ampla sobre as fronteiras sempre imprecisas entre memória e história.